Este programa tem foco numa das populações mais vulneráveis atendidas pelo Quixote: as crianças e jovens que vivem em situação de rua.
A gente esquece, mas nem sempre nossas casas e famílias são bonitas e acolhedoras como em comercial de margarina. Muitas vezes a violência, o abuso e a opressão começam dentro de casa. Este é o maior motivo que leva as crianças as ruas, a violência, em suas mais diferentes formas.
Se você ficou curioso com relação ao nome do programa, a gente explica. Citando Auro Lescher e Claudio Loureiro, coordenadores do Projeto Quixote “Essas crianças e jovens, quando rompem ou interrompem seus vínculos familiares e se apropriam do espaço das ruas do centro da cidade, viram protagonistas da cena urbana: pequenos Quixotes, exilados dentro de suas próprias cidades.” Assim, longe de suas comunidades de origem e de suas famílias, essas crianças e jovens ocupam o centro da cidade como num campo de refugiados, sem lugar seguro para ir ou voltar. Apesar da sensação de liberdade e da ausência de autoridade e controle, as calçadas são sempre ameaçadoras e depois de alguns dias lá, a rua se torna um lugar onde ninguém aguenta, onde a vida é como a de um soldado no front.
O objetivo final do Programa Refugiados Urbanos é o rematriamento, ou seja, a reinserção dessas crianças e jovens em suas comunidades de origem. O programa trabalha com suas famílias, que na maior parte das vezes se encontram no limite da linha da pobreza, desorganizadas e desestruturadas para recebê-los de volta. As crianças e jovens também são preparados para o retorno, passando por oficinas e atividades lúdicas.